Quando cai uma chuva forte em Belém, neste período do inverno amazônico, é comum serem vistos crianças, jovens e até adultos mergulhando ou mesmo "surfando" em águas de canal ou acumuladas em vias públicas. Muitos deles não sabem e há também até quem saiba que essa brincadeira pode custar muito caro, mas não liga. Isso porque no período chuvoso, existem doenças que se proliferam com velocidade, e a água suja pode contribuir muito com isso, como orienta a infectologista Andrea Beltrão, que atua no Hospital Guadalupe e Beneficente Portuguesa.
"Estar em contato com essa água suspeita traz muito risco. Juntamente com essa água, certamente existe extravasamento de lixo. O lixo contém material em decomposição que atrai insetos, roedores entre outros. Eles podem causar doenças", destaca a médica.
Entre as doenças características do período chuvoso figuram a leptospirose, diarreias, hepatites, tétano, dengue e rotavírus. Como explica Andrea Beltrão, a leptospirose é transmitida pelo contato das excretas dos roedores (sobretudo, ratos) com uma ponte de entrada existente na pele do homem. Febre, mialgia e icterícia são os principais sintomas. A doença em 10% dos casos pode evoluir com uma forma grave com insuficiência renal e sangramento pulmonar.
Já a dengue tem como sinais a febre e dor no corpo. Nos casos mais graves, pode evoluir para a forma grave hemorrágica. A hepatite: febre, icterícia e vômitos. No caso das diarreias, deve-se fazer a hidratação da pessoa, quando a causa é viral, e antibiótico, quando é causa bacteriana. "Muito cuidado quando se trata de crianças, pois pode levar à morte", alerta a infectologista.
Andrea Beltrão chama a atenção para o fato que o rotavírus aumenta no período chuvoso, primeiramente porque existe uma aglomeração maior de pessoas. Essa doença é transmitida facilmente. Também, pelas condições de saneamento - o contato com a água da chuva contaminada aumenta os riscos da doença.
Os principais sintomas do rotavírus são febre, diarreia e vômito, que, "num adulto, não traz grandes problemas, rapidamente se resolve; porém, numa criança pode ser muito intensa essa diarreia, e a criança desidratar e evoluir mal". "O tratamento é realmente hidratação, não tem um remédio. Nós temos a vacina contra o rotavírus que tem que ser feito na infância", acrescenta a médica.
A prevenção básica a essas doenças, como reforça a infectologista Andrea Beltrão, é "evitando entrar em contato com água suspeita, evitando água parada e consumir água adequada para o uso". O tratamento da leptospirose se dá com penicilina; o da dengue, somente com o controle dos sintomas; e a diarreia, com hidratação e antibiótico em alguns casos.
- São doenças características do período chuvoso: leptospirose, diarreias, hepatites, tétano, dengue e rotavírus
- Leptospirose: transmitida pelo contato das excretas dos roedores (sobretudo, ratos) com uma ponte de entrada na pele do ser humano. Sintomas: febre, mialgia e icterícia. Tratamento com penicilina
- Dengue: febre e dor no corpo. Nos casos mais graves, pode evoluir para a forma grave hemorrágica. Tratamento: controle dos sintomas
- Hepatite: febre, icterícia e vômitos. Tratamento: hidratação ou antibiótico
- Diarreias: deve-se fazer a hidratação da pessoa, quando a causa é viral, e antibiótico, quando é causa bacteriana. Tratamento: hidratação e antibióticos em alguns casos.
- Rotavírus: devem ser evitadas aglomerações e o contato com a água da chuva contaminada. Sinais: febre, diarreia e vômito. Tratamento: hidratação e existe vacina para se tomar na infância.
O Liberal.