Ana Lúcia Wai Wai, de 21 anos, e Iwtani Momory, de 29 anos, são as primeiras representantes dos povos indígenas, em Oriximiná, no Baixo Amazonas, titulares do crédito rural, por projetos do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) pelo Banco do Brasil (BB).
Esta semana, cada matriarca deve receber R$ 10 mil, do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), para aplicar nas lavouras de mandioca e na produção de farinha.
No cotidiano da cultura wai wai, etnia à qual as indígenas pertencem, as mulheres são as principais responsáveis pela agricultura, plantando, colhendo e beneficiando, enquanto os homens assumem o trabalho de caça e pesca.
"É um avanço pioneiro: tentamos adaptar a burocratização e contextualizar as demandas na realidade sociocultural. A questão do gênero, por exemplo, é um critério importante, porque o crédito assinado em nome de mulheres fortalece autonomia. A cena de uma mulher indígena assinando o próprio nome em um contrato confere valorização e empoderamento", comenta o chefe do escritório local da Emater em Oriximiná, Alexander Valente, técnico em agropecuária e biólogo.
Segundo o gestor, a injeção de capital na cadeia produtiva da mandioca, com compra de equipamentos e tratos culturais aperfeiçoados, deve aumentar a produtividade no período de um ano e meio, ainda sem percentual estimado. O objetivo também é que os alimentos sejam vendidos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e abasteçam coletivamente os territórios indígenas, gerando renda para as famílias e promovendo segurança nutricional.
Mais oito propostas de crédito rural da Emater para indígenas tramitam no BB, com possibilidade de liberação este mês. Outros 42 projetos para indígenas, em fase preliminar de elaboração, podem ser efetivados até o fim do ano. Além de mandioca, o foco é fruticultura.
Liderança reconhece mérito do governo estadual, por meio da Emater
De idioma nativo wai-wai, do tronco linguístico karib, Ana Lúcia Wai Wai, às vezes, hesita nas palavras em português: "Mérito, grande mérito. Tudo isto vem com muita importância", diz quanto ao crédito rural recém-conquistado em seu nome. Os recursos servirão, por exemplo, para um novo forno na casa-de-farinha. A indígena e o companheiro, Mário Wai Wai, de 20 anos, vivem na aldeia Inajá.
Texto de Aline Miranda
Fonte: Agência Pará