Imagens de satélite da Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram nesta segunda-feira (12) o Amazonas (AM) coberto por uma extensa nuvem de fumaça. De acordo com a plataforma Terra Brasilis do Inpe, a região sul do estado concentra maior parte dos focos de queimadas.
De acordo com a plataforma do Inpe de janeiro até esse domingo (11), o AM registrou 7.950 focos de queimadas, número que coloca o estado na terceira posição dos estados brasileiros com altos registros de queimadas. Em primeiro lugar está o Mato Grosso (13.991) e o Para (9.931). Dos mais de sete mil focos detectados no AM, 2.607 foram registrados nos municípios de Apuí e 1.369 em Lábrea em sete meses.
Comparação do dia 10 de agosto entre imagens da Nasa e do INPE mostram locais de origem dos focos de fumaça, em sua maioria no Sul do Amazonas (Imagens: Nasa e INPE)
O Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) constata nesta segunda-feira (12) que os municípios de Manicoré, Humaitá e Novo Aripuanã, situados ao sul do Amazonas, com qualidade do ar classificadas como "muito ruim" com, respectivamente, 156.8 material particulado (PM 2.5), 389.5 PM 2.5, 121.4 PM 2.5.
No último fim de semana, Manaus registrou intensa fumaça. A plataforma Selva classificou a qualidade do ar manauara no sábado (10) registrou níveis "péssimo" que variaram ao longo dia entre 133,7 PM 2.5 e 165.4 PM 2.5. Já no domingo (11) na capital continuou com o ar considerado "péssimo", com taxas entre 126.3 PM 2.5 e 113.2 PM 2.5.
Apesar de ter tido leve melhora em relação aos dias anteriores, a qualidade do ar em Manaus nesta segunda-feira (12) ainda é considerada péssima em toda a capital (Foto: App Selva)
No comparativo com o ano passado, o AM já registra um aumento de 135% nos focos de queimadas, segundo dados do INPE. Em 2023, foram 3.383 queimadas registradas ao longo do ano, ou seja, nos primeiros sete meses deste ano o estado já ultrapassou o número de queimadas do ano passado. Em 2014, o AM registrou 843 focos de queimadas e em dez anos saltou para 7.950, um aumento percentual de 843%.
Focos de calor
Foco de calor é qualquer temperatura registrada acima de 47 graus celsius "e não necessariamente é um foco de incêndio ou queimada", explicou o Inpe. Segundo consta no Panorama de Calor no Amazonas, em sete meses, o estado já registrou 50.221 focos de calor. O ranking de municípios com mais registros de foco de calor são: Apuí (2.607), Lábrea (1.396), Novo Aripuanã (776), Manicoré (671) e Humaitá (454).
O site Earth Observatory, da NASA, publicou nesta segunda-feira (12) um artigo com uma imagem de satélite da divisa do estado do Amazonas e do Para. A foto feita no dia 4 de fevereiro pela Nasa mostra o município de Apuí e as fumaças oriunda de queimadas. Intitulado "Fires Rage Along Brazil"s Deforestation Frontier", o artigo afirma "incêndios atingiram níveis anormalmente altos nas florestas tropicais da Bacia do Rio Amazonas".
"Uma densa fumaça estava presente na região de Apuí, no Amazonas, e ao longo da rodovia BR-163, no sul do Pará. Plumas triangulares fluíam de áreas de desmatamento recente — geralmente adjacentes a estradas secundárias da rodovia principal que criam um "padrão espinha de peixe" de terra limpa quando visto de cima. As terras desmatadas nesta área são geralmente usadas para pecuária e produção agrícola", consta na analise do artigo do Earth Observatory.
Imagem de satélite do dia 4 de agosto mostra grande atividade de fumaça na divisa entre o Amazonas e o Pará (Foto: Nasa)
A Nasa ainda afirma que a queimada é resultado da ação humana. "As pessoas acendem incêndios de desmatamento durante a estação seca para remover árvores, galhos e tocos secos, que sobraram após o uso de escavadeiras e outros equipamentos para limpar a terra durante os meses mais chuvosos".
Consultados pelo Earth Observatory, cientistas da World Weather Attribution analisaram a seca do rio Amazonas. "A seca também é severa porque o aquecimento global causado pelo homem adicionou calor extra à região e ajudou a criar condições onde os incêndios podem florescer e se espalhar rapidamente", consta no artigo.
Fonte: Portal A Crítica