A cidade de Óbidos, localizada no oeste do estado do Pará, com uma população atual de pouco mais de 52 mil habitantes (IBGE 2022), tem entre as maiores riquezas do seu povo o talento e o amor pela literatura. Tanto é verdade, que o fundador da cadeira nº 18 da Academia Basileira de Letras, fundada em 20 de julho e 1897, é o obidense José Veríssimo.
José Veríssimo (José Veríssimo Dias de Matos), jornalista, professor, educador, crítico e historiador literário, nasceu em Óbidos, PA, em 8 de abril de 1857, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de fevereiro de 1916. Compareceu a todas as reuniões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de Letras - ABL. Escolheu por patrono João Francisco Lisboa.
Ter um obidense imortalizado pela ABL é motivo de orgulho para cada xupa osso.
Novos Poetas
Você que está lendo conosco essa matéria, já percebeu que o título apresenta mais um ilustre conterrâneo que começa a trilhar o iluminado caminho literário e já emplaca uma de suas obras num concurso de alcance nacional. Trata-se da poesia "Lembrando Cenas da Minha Infância", autoria do obidense Ronielson Nunes Azevedo ou Ronielson Pauxis, que carrega em sua alcunha, o "Pauxis", nome do povo ancestral que apesar de não existir, até o momento, vestígios da sua existência, acredita-se que habitou a região onde se encontra Óbidos.
"Trago em meu nome a memória dos povos indígenas da aldeia Pauxis, trouxe isso como forma de mater viva a história de um povo, que hoje não temos registros oficiais de onde estão, ou se ainda existem", relata o poeta Roni Pauxis.
A poesia de Roni foi selecionada e está entre as 250 obras que vão compor o Livro Poesia Viva 2024, da Editora Vivara Nacional. O certame contou com a inscrição de mais de 1.750 obras.
A seleção de "Lembrando Cenas da Minha Infância", deixou surpreso o autor, que confessou estar muito feliz.
"Na verdade eu ainda nem consegui acreditar na classificação! Isso para mim é como um marco inicial na minha carreira como poeta. Fiquei surpreso com a classificação, no meio de mais de 1.750 inscritos, ser classificado entre as 250 obras que irão compor o livro Poesia livre 2024, que vai ter obra de autores de todas as regiões do país. Vai ser a minha primeira obra publicada. Estou muito feliz", comemorou.
Relatando ao Blog do Marcos o incentivo para inscrever seus escritos em concursos, Roni, destacou a presença de amigos nesse processo.
"O olhar de atenção para os editais que são abertos foi a partir de uma mensagem que recebi de uma amiga (Yasmim Alencar) que mandou o link de um concurso, porém nesse que ela mandou não consegui realizar, isso despertou em mim uma atenção especial, até descobrir esse edital da editora Vivara Nacional, e resolvi inscrever essa obra", disse.
As inscrições para a seleção da editora Vivara Nacional, iniciaram em 05 de dezembro de 2023 e encerraram em 05 de abril de 2024. O resultado das obras classificadas foi divulgado no dia 22 de abril de 2024.
Os próximos passos, segundo Pauxis, vai ser a contrapartida que o autor vai ter que dar para receber 8 exemplares da obra com sua poesia publicada. Seguindo o regulamento do edital da Vivara, cada poeta selecionado deve repassar duas parcelas de R$235,00.
"Do pagamento das parcelas e remessa dos livros
Art. 8º - Cada autor classificado arcará com a compra de 08 (oito) exemplares do livro "Poesia Livre 2024, Seleção Poesia Brasileira", pelo custo de duas parcelas de R$ 235,00 (duzentos e trinta e cinco reais).
Art. 9º - As duas parcelas deverão ser pagas via boleto bancário nos dias, 06 de maio e 06 de junho de 2024.
Art. 10º - Em caso de inadimplência, o poema classificado poderá não ser publicado.
Art. 11º - Os livros serão entregues no endereço informado na inscrição até o dia 30 de junho de 2024, podendo ocorrer atrasos de até 10 dias úteis para algumas localidades." (Trecho do regulamento VIVARA EDITORA NACIONAL)
Apesar de não oferecer premiação, o concurso oportuniza aos novos poetas a publicação de suas obras entre as mais destacadas seleções literárias da língua portuguesa.
"A poesia já foi selecionada e tenho que cumprir o edital. Preciso pagar uma valor de duas parcelas de R$235,00 de 06 de maio a 06 de junho. Para que eu possa receber em mãos 08 exemplares da obra. Previsão para chegar até o dia 30 de junho. Estou verificando com as amizades apoio para juntar esses valores", completou Ronielson.
Conheça mais sobre o autor
Natural da comunidade Jacaré-Puru, zona rural de Óbidos, no oeste do Pará, Ronielson Nunes Azevedo, filho do Casal de pescadores Adilson Silva de Azevedo e Aender Freitas Nunes. Desde sua infância até o ano de 2005 viveu junto de sua família e seus dois irmãos Taiana Freitas Nunes e Rogério Nunes Cavalcante na localidade Jaboti (Com. Jacaré-Puru), em fevereiro do mesmo ano, mudou-se para a cidade (Óbidos) onde reside até hoje no bairro do Bela Vista.
O amor pela luta dos movimentos sociais sempre foi muito presente em sua vida, logo integrou a Pastoral da Juventude onde desenvolveu trabalhos e projetos através da Igreja Católica, por meio da Paróquia de Sant'Ana - Diocese de Óbidos, Ronielson considera-se um jovem ativista na luta em defesa dos direitos dos menos favorecidos, se tornando referência jovem no município. Sua mãe que é sócia da Associação de Mulheres Trabalhadoras do Município de Óbidos, foi inspiração para abraçar a causa da luta pelo fim da violência contra mulheres, participando assim, de muitos eventos com essa finalidade.
Em 2010, Ronielson entra para o grupo de voluntários da Rádio Comunitária Sant'Ana onde participou de oficinas para comunicadores.
No ano de 2013 em conversa com a grande escritora obidense Edith Carvalho (In Memoriam), Ronielson foi questionado sobre a história de Óbidos, ao responde-la, ficou muito surpreendido pelas palavras de Edith Carvalho "Eu farei de você um grande escritor", foi um momento muito importante em sua caminhada, esse momento foi crucial para que Ronielson começassem a escrever seus textos, poemas, e contos que viralizaram nas redes sociais, e são compartilhados, pelo poeta.
Desde janeiro de 2013 atua no serviço público como servidor contratado desenvolvendo trabalho junto à Secretaria Municipal de de Desenvolvimento Social, já atuou como Cadastrador do CadUnico (Programa Bolsa família, Projeto de Formação José Cornélio dos Santos, que atende jovens em situação de vulnerabilidade social, Serviço de Conivência e Fortalecimento da Vínculos Nova Geração, Centro de Referência de Assistência social - CRAS, Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, Ronielson também atua como cerimonialista e apresentador e já participou de grandes eventos na cidade de Óbidos.
Nas Artes Plásticas também é destaque com criações de grandes obras, retratando a realidade do seu dia a dia. Possui obras artisiticas em outros municípios e estados, além de ter obras expostas no Palácio José Veríssimo (Casa de Cultura de Óbidos).
Ronielson é sócio da Associação Comunitária Bela Vista, e no ano de 2019 foi indicado pela entidade para concorrer às eleições para conselheiros tutelares, no dia 06 de outubro de 2019, foi eleito democraticamente com 210 votos, sendo o segundo mais votado nas eleições para conselheiro tutelar. No dia 10 de janeiro de 2020 tomou posse como Conselheiro Tutelar no município de Óbidos, assumindo o compromisso de luta em defesa das crianças e dos adolescentes, onde atuou cumprindo o artigo 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Como Conselheiro recebeu votos de aplausos da Câmara Municipal de Vereadores de Óbidos pelo excelente trabalho desenvolvido no município.
Atualmente está coordenando a Central do empreendedor e é acadêmico do Curso de Pedagogia na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
O autor é um apaixonado pela história de Óbidos, e em seus escritos demonstra esse amor incondicional, até mesmo adotando como sua identidade o seu nome que torna público e conhecido como Ronielson Pauxis.
A poesia
LEMBRANDO CENAS DA MINHA INFÂNCIA
Hoje foi dia de arrumar a bagunça
E também de relembrar
Coisas da minha infância
Que me fizeram até chorar
Guardo com muito carinho
Para essa história não se apagar
Recordei de minha mãe na sua máquina Singer
Pedalando para costurar
As pernas de calça que se transformavam em bermudas
E eram nossas roupas para brincar
Lembrei cenas da minha infância
E tenho orgulho de sempre falar
Foi com essa relíquia preciosa
Que mamãe conseguiu nos criar
Ela era fábrica de muitas peças
Que as pessoas até queriam comprar
Hoje guardamos como recordação
Para nossa história guardar e mostrar
Faz parte de nosso acervo
E de nossa luta ela nos faz lembrar.
Ronielson Nunes/ Óbidos-Pa 16 de março de 2024.
Reportagem: Marcos Cantuário