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Subiu o tom

Pacheco diz que ação do governo contra desoneração foi 'erro primário', mas que 'divergências' serão resolvidas

Na terça, presidente do Senado cancelou almoço que teria com ministros de Lula. PEC que turbina salários de juízes e promotores deve ser votada na próxima semana, informou ele.


Rodrigo Pacheco, presidente do Senado - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltou a criticar nessa terça-feira (30) a judicialização, pelo governo, da desoneração da folha de pagamentos. O parlamentar classificou a iniciativa como "erro primário".

Pacheco, no entanto, minimizou os recentes embates com o governo federal e afirmou que as "divergências" entre os Poderes serão resolvidas "uma a uma".

"A provocação do Judiciário [com a ação sobre desoneração] – óbvio que no momento em que se esgotam as negociações políticas, é absolutamente legítima a mim, legítima ao Presidente, legítima à população, a qualquer dos Poderes – mas, enquanto está tendo diálogo político, isso realmente foi um erro, na minha opinião, primário, que poderia ter sido evitado", avaliou o senador do PSD.

Pacheco contou também que, quando soube que o governo havia ingressado no STF com uma ação judicial contra a desoneração aprovada por ampla maioria pelo Legislativo, "estava reunido com representantes do governo federal, resolvendo o problema do governo, em relação à sessão do Congresso" em que seriam analisados vetos presidenciais.

Pacheco deu as declarações durante entrevista a jornalistas. Segundo o colunista do g1 Valdo Cruz, mais cedo, nesta terça, o presidente do Senado cancelou um almoço que teria com ministros do governo Lula, para "discutir a relação" do Legislativo com o Executivo.

"Qualquer divergência que há, na política, é algo absolutamente natural, entre Poderes, entre Casas legislativas, entre pessoas que figuram nesses Poderes, nessas instituições Mas jamais são conflitos que afetam o que é o interesse público", declarou Pacheco.

Foto: Reprodução internet

"Então a gente busca sempre a convergência e essas divergências certamente são dirimidas a cada dia", completou o presidente do Senado.

Pacheco ainda disse que as decisões tomadas pelo Congresso sobre temas, como desoneração e de estímulos ao setor de eventos, foram feitas ouvindo as "aflições" dos setores da sociedade envolvidos no tema e que nunca faltou respeito por parte do Senado para tratar com o governo.

Desoneração

O Congresso Nacional aprovou, no ano passado, a prorrogação da desoneração da folha para 17 setores da economia intensivos em mão de obra e estendeu a medida para algumas prefeituras.

Desde então, o tema virou uma queda de braço entre Executivo e Legislativo. O governo vetou os trechos da lei e os parlamentares derrubaram o veto.

Com a lei promulgada, o Executivo encaminhou uma medida provisória para revogar a legislação, mas após forte reação dos parlamentares retirou parte do texto; o restante perdeu a validade por decisão do Pacheco.

Sem vitórias no Congresso sobre o tema, o governo recorreu ao STF para barrar a legislação. Após decisão monocrática do ministro Cristiano Zanin que suspendeu a lei, na última sexta-feira (26), Pacheco subiu o tom nas críticas ao governo, questionou os argumentos da AGU e chamou a ação de "catastrófica".

Foto: Reprodução internet

No sábado (27), Pacheco afirmou que o governo federal não deve "exigir do Parlamento adesão integral ao que pensa o Executivo". A reação foi a uma entrevista ao jornal "Folha de São Paulo", em que Haddad afirmou que o Congresso Nacional também precisa ter responsabilidade fiscal.

Nesta terça, o presidente do Senado classificou a alternativa tomada pelo governo para barrar a desoneração como um caminho que gera "desconfiança entre os poderes".

E que entende que a melhor forma para discutir o assunto novamente é com a apresentação de uma alternativa via projeto de lei.

PEC que turbina salários de juízes e promotores

O encontro entre Pacheco e ministros do governo Lula estava sendo articulado para tentar acalmar os ânimos de Pacheco e de integrantes do Executivo.

Os atritos se intensificaram nas últimas semanas, com uma troca de farpas entre o presidente do Senado e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Entre os motivos de "divergências", além da questão da desoneração, está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que turbina salários de juízes e promotores.

Nesta terça-feira, Pacheco defendeu a PEC e disse que o texto deve ser votado na próxima semana. O governo é contra a medida afirma que, se aprovada, a proposta gerará um impacto bilionário nas contas públicas.

g1

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