Extrativistas indígenas e quilombolas do município de Oriximiná, oeste do Pará, deram início ao processo de coleta e comercialização da castanha-do-pará, um dos principais produtos da sociobiodiversidade da região. A Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora) estima que mais de 32 toneladas da valiosa castanha serão comercializadas até julho deste ano.
Neste ano os desafios são maiores para os extrativistas, devido à baixa produtividade nos castanhais, possivelmente influenciada pela seca de 2023. Segundo Samuel Kaukuma, indígena da etnia Kaxuyana, os cooperados enfrentam, por exemplo, dificuldades no escoamento da produção, apesar dos esforços para impulsionar a economia local.
"A gente trouxe 90 sacas de castanha, mas a gente tem mais castanha. O bote furou, tivemos que deixar a castanha lá no varadouro. Eu moro aqui há seis anos, e nos últimos dois anos eu senti a dificuldade devido à seca", declarou Samuel.
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"Nos outros anos a gente sempre teve bastante castanha, e esse ano a gente não tem a quantidade que costuma ter dentro do território. Agora tem os igarapés que ainda têm castanha, mas que têm essa dificuldade por conta da seca, apesar da gente estar em abril, mas para o nosso costume está muito seco ainda", ressaltou Domingos Printes, um quilombola do Território Mãe Domingas.
Os números refletem essa realidade, com uma diminuição significativa na quantidade de castanha coletada em comparação com anos anteriores. Em 2022, a Coopaflora comercializou 98,5 toneladas de castanha, enquanto em 2023, devido à seca, esse número caiu para aproximadamente 46 toneladas.
A castanha-do-pará é um dos principais produtos da sociobiodiversidade da região — Foto: Divulgação
A seca afetou diretamente os castanhais, tornando o escoamento da produção um desafio para os extrativistas", disse Maria Daiana Silva, presidente da Coopaflora.
Apesar das dificuldades, a cooperação entre diversas entidades e organizações, como o Iepé, Imaflora, Imazon, Ufopa e Arqmo, tem facilitado o escoamento da produção da castanha. Essas parcerias são essenciais para garantir que a castanha chegue aos mercados, contribuindo assim para a economia local e para a sustentabilidade das comunidades extrativistas.
Com a expectativa de comercialização de 32 toneladas até julho, os extrativistas de Oriximiná continuam seu trabalho árduo, enfrentando os desafios impostos pela natureza, mas também encontrando soluções por meio da cooperação e do trabalho conjunto.
G1 Santarém